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Foto do escritorDr. Galiano Brazuna Moura

Efeitos de Prebióticos, Probióticos e Simbióticos na Depressão: Resultados de uma Meta-Análise

Atualizado: 9 de out.

### Efeitos de Prebióticos, Probióticos e Simbióticos na Depressão: Resultados de uma Meta-Análise


**Fonte e Relevância**

O artigo "Effect of prebiotics, probiotics, synbiotics on depression: results from a meta-analysis" foi publicado na *BMC Psychiatry* em 2023. Este periódico é amplamente reconhecido e possui um alto índice de relevância no campo da psiquiatria, com 6666 acessos, 8 citações e um índice altmétrico de 235.


**Tipo de Estudo**

Este estudo é uma meta-análise, um tipo de estudo que agrega dados de múltiplos ensaios clínicos randomizados (RCTs) para fornecer uma visão mais robusta sobre a eficácia de intervenções específicas. Este tipo de estudo é fundamental para a medicina baseada em evidências, pois sintetiza resultados de várias pesquisas, aumentando a precisão das conclusões e a generalizabilidade dos achados.


**Data e Resultados do Estudo**

A meta-análise incluiu 13 RCTs com um total de 786 participantes, investigando os efeitos de prebióticos, probióticos e simbióticos em pacientes com depressão. Os principais resultados foram os seguintes:


1. **Eficácia Geral**

- **Resultado:** Pacientes que receberam tratamentos com prebióticos, probióticos ou simbióticos mostraram uma melhoria significativa nos sintomas depressivos em comparação com aqueles que receberam placebo (SMD = -0,34 [-0,45, -0,22], P < 0,001).

- **Interpretação:** O valor de SMD (Diferença Média Padronizada) de -0,34 indica uma redução moderada nos sintomas de depressão. O intervalo de confiança (CI) de 95% [-0,45, -0,22] e o valor P < 0,001 mostram que essa redução é estatisticamente significativa, sugerindo que é improvável que esses resultados sejam devido ao acaso. Esses dados indicam que intervenções que manipulam a microbiota intestinal podem ser eficazes na redução dos sintomas de depressão.


2. **Análise de Subgrupos**

- **Severidade da Depressão:** Tanto pacientes com depressão leve quanto moderada se beneficiaram significativamente das intervenções:

- **Leve:** SMD = -0,38 [-0,63, -0,14], P = 0,002

- **Moderada:** SMD = -0,39 [-0,54, -0,24], P < 0,001

- **Interpretação:** Esses resultados indicam que as intervenções são eficazes tanto para depressão leve quanto para moderada, com um tamanho de efeito ligeiramente maior em casos moderados. A significância estatística em ambos os grupos reforça a robustez desses achados.


- **Gênero:** Estudos com uma menor proporção de mulheres (< 70%) mostraram uma maior redução nos escores de sintomas depressivos:

- **Menos de 70% mulheres:** SMD = -0,49 [-0,68, -0,30], P < 0,001

- **Mais de 70% mulheres:** SMD = -0,21 [-0,38, -0,05], P = 0,011

- **Interpretação:** A diferença observada sugere que os homens podem responder melhor às intervenções com probióticos, prebióticos e simbióticos, o que pode estar relacionado a diferenças na composição da microbiota intestinal entre os gêneros ou a variações na resposta imunológica.


- **Tipo de Agente:** Agentes contendo probióticos (probióticos e simbióticos) mostraram efeitos antidepressivos significativos:

- **Probióticos/Simbióticos:** SMD = -0,35 [-0,47, -0,22], P < 0,001

- **Prebióticos:** SMD = -0,25 [-0,64, 0,15], P = 0,221

- **Interpretação:** Os probióticos, sozinhos ou combinados com prebióticos (simbióticos), são mais eficazes na redução dos sintomas de depressão em comparação com os prebióticos sozinhos. A ausência de significância estatística para os prebióticos pode indicar que eles são menos eficazes ou que mais pesquisas são necessárias para confirmar seus efeitos.


3. **Diversidade Microbiana**

- **Resultado:** Não houve diferença significativa na diversidade alfa entre os grupos de intervenção e placebo:

- **Chao-1:** SMD = -0,06 [-0,37, 0,24], P = 0,676

- **Shannon:** SMD = 0,04 [-0,24, 0,32], P = 0,758

- **Espécies Observadas:** SMD = -0,02 [-0,36, 0,33], P = 0,913

- **Interpretação:** A ausência de mudanças significativas na diversidade alfa sugere que a intervenção pode não alterar drasticamente a composição microbiana global, mas ainda pode influenciar a abundância de espécies específicas relevantes para a saúde mental.


4. **Biomarcadores Inflamatórios**

- **Resultado:** Não houve diferença significativa nos níveis de IL-1β (P = 0,965), IL-6 (P = 0,178) e TNF-α (P = 0,420) após a intervenção em comparação com o placebo.

- **Interpretação:** Esses resultados indicam que, embora os probióticos possam ter efeitos benéficos na depressão, esses efeitos podem não ser mediadores primários através da modulação inflamatória. Estudos futuros devem explorar outros mecanismos potenciais, como a produção de neurotransmissores e a modulação do eixo HPA.


**Cepa e Quantidades Principais**

Entre as cepas de probióticos mais comuns utilizadas nos estudos incluídos na meta-análise estão:


- **Lactobacillus casei**

- **Lactobacillus acidophilus**

- **Bifidobacterium longum**

- **Bifidobacterium breve**


Essas cepas foram frequentemente usadas em doses variando de 1 a 10 bilhões de unidades formadoras de colônias (UFC) por dia. Lactobacillus casei, por exemplo, é comumente aplicado no tratamento de doenças gastrointestinais e tem mostrado potencial em melhorar comportamentos depressivos em modelos animais.


**Conclusão e Importância**

Este estudo demonstra que agentes que manipulam a microbiota intestinal podem ser uma abordagem promissora para o tratamento da depressão leve a moderada. A eficácia dos probióticos foi especialmente destacada, enquanto os efeitos dos prebióticos e simbióticos ainda necessitam de mais evidências. O gênero também desempenha um papel significativo na resposta ao tratamento, sugerindo a necessidade de personalização das intervenções. A meta-análise reforça a importância da continuidade da pesquisa nesta área para melhor compreender os mecanismos subjacentes e otimizar as terapias baseadas na microbiota.


**Referência:**

Zhang, Q., Chen, B., Zhang, J., et al. (2023). Effect of prebiotics, probiotics, synbiotics on depression: results from a meta-analysis. *BMC Psychiatry*, 23, 477. https://doi.org/10.1186/s12888-023-04932-5

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